Estomia Intestinal na Pediatria e os seus Cuidados

A estomia (ou ostomia) consiste na comunicação de uma víscera oca com o meio externo.

A confecção de estomas em pediatria é atribuída às neoplasias malignas, malformações congênitas, doenças inflamatórias, traumatismos ou acidentes. O objetivo é descomprimir, aliviar tensão de anastomose e restaurar a função do órgão afetado.

A terminologia da estomia se dá de acordo com o segmento corporal exteriorizado. Assim, considera-se as estomias de respiração (traqueostomia), as estomias de alimentação (gastrostomia e jejunostomia) e as estomias de eliminação que consistem na exteriorização de parte do sistema digestório e/ou urinário (urostomias, ileostomias e colostomias).

Estomia Intestinal Pediátrica

São diversas as causas que levam a construção de estomias em crianças, sejam elas temporárias ou definitivas. As causas mais frequentes para a realização de uma estomia intestinal em crianças são: enterocolite necrosante, ânus imperfurado, doença de Hirschsprung, doenças intestinais inflamatórias, outras malformações congênitas e acidentes. Considerado um procedimento cirúrgico, tem como objetivo a alteração do trânsito intestinal para a eliminação de efluentes (fezes).

As estomias realizadas no segmento distal do intestino delgado (íleo) são denominados ileostomias, já as do intestino grosso são as colostomias. As intestinais são feitas em alças com mobilidade e comprimento que facilitem sua exteriorização pela parede abdominal.

As estomias intestinais apresentam uma classificação dependendo da localização:

Fonte da imagem: https://tudoparaostomia.com.br/tipos-de-ostomia/

A maior diferença entre esses tipos de estoma está na consistência em que os conteúdos fecais são liberados. Quanto mais líquido for esse conteúdo, mais irritante vai ser em contato com a pele. Em especial, na ileostomia, as fezes são mais líquidas e ácidas em comparação a colostomia.

As principais complicações:

   ▪ Abscesso                                         ▪     Lesão da pele periestomial

  ▪  Edema                                              ▪     Retração

  ▪  Estenose                                          ▪     Prolapso

  ▪  Foliculite                                          ▪     Necrose

  ▪  Varizes periestomias                    ▪     Hérnia periestomia

  ▪  Hemorragia

Cuidados com o estoma e com a pele periestomal

Um estoma normal deve ter as seguintes características: coloração rosa forte ou vermelho vivo, formato regular, onde o corpo do estoma apresenta a mesma forma de sua base na parede abdominal, ser brilhante e geralmente com a presença de muco; não apresentar alterações, tais como: edema, sangramento, ulceração e nódulos em sua mucosa.

É muito comum que o estoma fique sujo com restos de fezes ou urina. A presença desses resíduos pode causar irritação e até infecção. Orienta-se a limpeza utilizando um pedaço de papel higiênico ou aproveitar o momento do banho para limpá-lo com água.

Pele periestomal é como chamamos a pele ao redor do estoma. A aparência normal dessa região é uma pele como a de qualquer outra região do corpo: sem erupções, vermelhidão ou dor. Tanto a pele quanto o estoma precisam de cuidados específicos.

Alergias e irritações na pele podem acontecer devido à má higienização do local, assim como o contato das fezes com a pele.

Sabendo disso, o principal cuidado com a pele periestomal é mantê-la sempre limpa. Deve-se instruir o paciente a lavar a pele com água e sabão neutro durante o banho, utilizando a água corrente, ou usar um pano macio e úmido, delicadamente, sem esfregar.

Também é importante a orientação de secar muito bem a pele após a higienização. Não só ao redor do estoma, como toda a área abaixo da bolsa.

Cuidados com a troca da bolsa

O primeiro passo é remover o adesivo da placa onde a bolsa de ostomia é acoplada. Como todo adesivo colado na pele, remover de forma incorreta pode causar dores e irritações, por isso não deve ser puxado de qualquer forma.

O recomendado é utilizar removedores de adesivos próprios para a pele periestomal. Os removedores contribuem para a retirada do adesivo sem incômodo algum. É só puxar uma ponta da placa e aplicar o removedor que a cola solta com mais facilidade.

A escolha certa de uma placa adesiva pode ser uma grande aliada nos cuidados com a pele periestomal. A placa tem uma adesão melhor na pele seca e plana. Por isso, antes de colar a placa, utilize produtos que garantem uma melhor fixação do adesivo na pele do paciente:

Anel, pasta ou fita adesiva: indicados em caso de peles com secreções, pois promovem uma área seca, e também em caso de peles irregulares, pois é possível moldá-las no abdômen para criar uma superfície plana.

e spray barreira: deve ser usado em peles avermelhadas, doloridas e úmidas. É só cobrir a área afetada com o pó, umedecer com o spray e esperar secar. Esse processo deve ser repetido duas ou três vezes antes de colar a placa.

Creme barreira: indicado para prevenção de irritações cutâneas, com ação hidrofóbica. Deve ser usada ao redor do estoma e em toda área de fixação da bolsa, criando uma barreira protetora.

Esses produtos ainda impedem o contato das fezes com a pele.

Texto aprovado pela coordenadora do Multiplica PP – dra. Giovana Camargo.

Referências bibliográficas:

Guia de Atenção à Saúde da Pessoa com Estomia – Ministério da Saúde – Brasília – 2021 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_atencao_saude_pessoa_estomia.pdf

Cuidados de enfermagem no paciente pediátrico com ostomias gastrointestinais – Nathália Aluizia Alves Belga Esteves – Investigações sociais e perspectivas futuras – Capítulo 2 – Rio de Janeiro – 2022.

https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/3274/6090.pdf?sequence=1&isAllowed=y

https://www.revistaestima.com.br/estima/article/view/121

https://tudoparaostomia.com.br/tipos-de-ostomia/

https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sudeste/hc-uftm/painel/gas/denf/servico-de-educacao-em-enfermagem/aulas-e-material-didatico/educacao-continuada/educacao-continuada-2018-1/assistencia-de-enf-em-estomas-intestinais-e-urinarias.pdf

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