Atualização em Dermatologia Pediátrica :: Dermatite Atópica na infância

A dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória crônica recorrente, caracterizada por lesões que geralmente se iniciam na infância. É a dermatose mais frequente na infância, perfazendo 20% das consultas dermatológicas pediátricas. Atinge de 10 a 30% da população.

Por se tratar de doença crônica influenciada por fatores diversos, o médico tem papel primordial na orientação correta aos pais e ao paciente para garantir a qualidade de vida da criança. O conhecimento dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos e da característica multifatorial da doença, bem como sua abordagem coerente, evitando exames desnecessários e dietas abusivas de exclusão são as bases para uma melhor relação médico-paciente, que é fundamental para o tratamento da dermatite atópica.

Dermatite Atópica

É uma dermatose inflamatória de curso crônico, recidivante com períodos de remissão e exacerbação, de etiologia desconhecida, de início precoce, na maioria dos casos a doença tem início antes dos 5 anos de idade e muitas vezes, antes do 1º ano de vida. Caracterizada por: prurido, xerose, lesões eczematosas de morfologia com presença de: eritema, pápulas, seropápulas, vesículas, escamas, crostas e liquenificação (a depender do estágio da doença, se aguda ou crônica) e distribuição típicas.

45% dos casos surgem durante os primeiros 6 meses de vida, 60% durante o primeiro ano e, 85% dos casos, antes dos 5 anos. 75% das crianças com DA irão apresentar melhora entre os 10 e os 14 anos, mas 25% podem persistir com a doença na adolescência.

Os fatores genéticos são importantes no desenvolvimento da dermatite atópica, mas sua fisiopatologia é complexa e pouco compreendida. A DA parece resultar de uma interação complexa entre desregulação imune, disfunção da barreira epidérmica e anormalidades farmacofisiológicas.

A barreira cutânea é fundamental para a prevenção da penetração de alérgenos e outros agentes irritantes, possui atividade antimicrobiana, mantém a hidratação, prevenindo a perda de água e faz interação da imunidade inata com a imunidade adaptativa. Nesse sentido, a quebra da barreira cutânea prejudica todos estes aspectos.

Existe na dermatite atópica fatores intrínsecos e extrínsecos que atuam na sensibilidade genética do indivíduo. Suas manifestações dependem de fatores inerentes, como predisposição genética, irritabilidade aumentada da pele, vários alérgenos, reatividade vascular alterada, aumentada produção de suor, poluição climática e ambiental e a coceira oriunda.

É uma doença de baixa mortalidade, mas alta morbidade, contribuindo para uma baixa qualidade de vida do paciente e familiares. O prurido constante e de difícil controle leva a alterações do sono, as infecções de repetição contribuem para as faltas escolares e pode promover alterações psicológicas importantes.

Características

O curso da doença é notadamente em surtos, com exacerbações e remissões recorrentes, muitas vezes sem causa aparente. A associação do prurido com lesões morfológicas típicas a cada faixa etária continua sendo o mais importante dado para o seu diagnóstico.

A localização das lesões depende da faixa etária do paciente e divide-se em:

  • Lactente: lesões na pele mais avermelhadas, localizadas principalmente na face, no couro cabeludo, tronco e superfícies externas dos membros.
  • Pré-puberal: a pele é seca e áspera, com lesões geralmente nas dobras do corpo, como pescoço, dobras do cotovelo, atrás do joelho e tem característica mais seca, escura e espessadas. O prurido é intenso. A exsudação pode levar à formação de crostas hemáticas e a infecção secundária por estafilococo é comum.
  • Puberal: as lesões são mais frequentes nas pregas flexoras dos braços, pescoço e pernas. Pode haver acometimento isolado da face ou do dorso das mãos e dos pés.

Estudos vêm demonstrando que existem associações entre DA e alergia alimentar. O alimento pode estar envolvido em até 30% dos casos moderados e graves na infância. No entanto, este dado não pode ser generalizado a outras faixas etárias, onde o alimento não tem sido apontado como um desencadeante importante da dermatite atópica.

Pacientes com dermatite atópica tem propensão para infecções cutâneas, fúngicas, bacterianas e virais.  O motivo dessas infecções é devido a deficiência de peptídeos antimicrobianos, que são sintetizados na epiderme e são um componente do sistema imunológico inato fundamental ao funcionamento rápido e efetivo na defesa do vetor contra os agentes infecciosos.

Tratamento

O tratamento é composto de medidas gerais no cuidado à pele.  A base do tratamento é promover a hidratação, diminuir o prurido e manejar a inflamação. Para isso, existem 03 pilares fundamentais:

  1. Afastar fatores irritantes e desencadeantes: uso de roupas leves, de algodão, retirando as etiquetas e evitando os tecidos sintéticos. Cuidar com detergentes, sabões, amaciantes e outros produtos químicos.
  2. Hidratação adequada e continuada da pele: recomenda-se utilizar hidratantes que tenham ceramidas. Outro aspecto importante do cuidado é a frequência dos banhos de imersão, que deve ser rápido e morno, que podem ocorrer várias vezes ao dia.
  3. Controle da inflamação e prurido com medicamento: a escolha depende da gravidade e da extensão das lesões. Os cremes devem ser utilizados para lesões agudas e sensíveis e as pomadas para lesões crônicasr

Curso :: Atualização em Dermatologia Pediátrica

O curso de Atualização em Dermatologia Pediátrica, do Multiplica PP, foi criado para o aperfeiçoamento de pediatras, dermatologistas e médicos de família no diagnóstico correto das patologias dermatológicas mais comuns da infância e adolescência, bem como o seu tratamento e acompanhamento.

100% on-line, com discussão de casos clínicos que ilustram circunstâncias que se apresentam nos consultórios e emergências de pediatria em geral. O corpo docente é formado por profissionais renomados nacionalmente, que compartilharão com os alunos a experiência da vivência clínica e acadêmica.

Texto aprovado pela coordenadora do curso Atualização em Dermatologia Pediátrica – dra. Nadia Almeida.

 

Referências bibliográficas:

https://cdd.org.br/doencas-de-pele/dermatite-atopica/?gclid=CjwKCAiA85efBhBbEiwAD7oLQOxiI3fu_dYA7syxeoAg4pWHdxxsSGQwcmq8EO6aroyqzl0hHppalxoCSdUQAvD_BwE

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Postagens: Dermatite Atópica: desafios no diagnóstico e no tratamento. Rio de Janeiro, 18 fev. 2022. https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-crianca/principais-questoes-dermatite-atopica-diagnostico-tratamento/

Dermatite Atópica na Infância – Naldya Pereira, Laureci Dias Costas, Márcia Santos da Rocha – Centro de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão Oswaldo Cruz https://oswaldocruz.br/revista_academica/content/pdf/Edicao_11_Pereira_Naldya.pdf

Dermatite Atópica – O que o pediatra deve saber – Dra. Kerstin Taniguchi Abagge – Pediatra e Dermatologista, Presidente do Departamento de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (2015).

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